Sou Príncipe
Tu és Princesa
Sou o guardião dos teus
olhos de mar
Sou cavaleiro em revolta
Nos teus doces lábios de
mel
Sou barco de papel
Sou flor rasurada
Sou luz diáfana
No silêncio da madrugada
Sou faina
Príncipe à tua volta
Tu és Princesa
Na
mão da aforada
Que corre e que grita e
não se solta
Da manhã que acorda
envenenada
Sou Príncipe
Tu és Princesa
Sou o teu poeta
adormecido
Sou o teu escrivão
Que dorme esquecido
Do mar que se esqueceu
De um dia ter pedido
De todos os Príncipes do
Reino
A alvorada sem ninguém
Triste e só
Triste nos olhos de alguém
Sou Príncipe
Tu és Princesa
Sou o cálice envenenado
Sobre a mesa do poeta
No poema encarcerado
Em gritos e revoltado
Ergue-se do alegre chão
Que me aponta
A mão
Do não
E dispara contra o meu
coração
Sou Príncipe
Tu és Princesa
Sou um cavaleiro em
revolta
Que de batalha em batalha
De planície teu cabelo em
treliças de alecrim
Corre para o mar
E jamais volta
E jamais amará as
palavras do luar
Porque chove
Porque gritam as sílabas
do meu poema…
Se a noite é escura
E eu sou o Príncipe
E tu és a minha Princesa.
17/09/2023
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