Olho-te.
Poiso a minha mão no teu
corpo
Como se fosse o dia a
chamar a noite,
Lhe desse um beijo…
E partisse para o outro
lado do rio.
Olho-te
Dentro deste infinito
labirinto de saudade,
Dentro deste círculo de
tristeza,
Olho-te sabendo que não
me ouves,
E que estás longe,
E que voas…
Sobre o pinhal de
Carvalhais.
Olho-te.
Poiso a minha mão no teu
olhar,
Ao de leve,
Como se eu fosse um
pedacinho de luz,
Olho-te
E perco-me na tua sombra
estonteante,
Debaixo dos teus gemidos
Que se erguiam na madrugada…
E não terminavam nunca.
Olho-te
E sei que me olhas,
E sei que vês e sentes o
meu rosto…
Impregnado nesta tela sem
nome,
Dentro deste pincelado desejo…
De voltar a ver-te,
Tocar-te,
Sem que percebesses que
te via,
Sem que percebesses que
te tocava…
E olhava-te,
No eterno pigmento lunar
Das mandíbulas entre
quatro parêntesis rectos,
Uma equação
E um punhado de nada,
(Olho-te.
Poiso a minha mão no teu
corpo
Como se fosse o dia a
chamar a noite,
Lhe desse um beijo…
E partisse para o outro
lado do rio)
Olho-te
Fingindo que estou parente
a mais bela lâmina de medo,
Quando percebo que lá
fora, distante de mim,
Voas como um corvo
esfomeado,
À procura do meu último
poema.
Luís
15/09/2023
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