terça-feira, 22 de novembro de 2022

Manhãs de Inverno

 Se um dia o mar acordar

Do sono infinito desta cidade de Deus

Quando a noite inventa a paixão

Que se suicidou num belo Domingo

Enquanto os putos brincavam junto ao rio,

 

Se esse dia regressar

E se esse dia trouxer toda a poesia das montanhas

Eu

O mendigo das esplanadas em papel

Poisarei os meus braços nos teus braços,

 

Depois

Os pássaros que falam e cantam junto à lareira

Que me olham

não me conhecem

mas voam sobre a minha sombra,

 

Depois

O vento esfarrapado em pequenas brincadeiras de café

Beijam os corpos em putrefacto silêncio

Que a boca do inferno

Aprisiona nas lágrimas de cera,

 

Que as pobres abelhas deixaram sobre o mar

Os barcos amam-se em amontoados corpos de sucata

Dentro de um cubo de vidro

Quando as árvores

Tombam sobre a sombra fina das manhãs de Inverno.

 

 

 

 

 

Alijó, 22/11/2022

Francisco

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