sábado, 22 de outubro de 2022

Este livro

 Este livro não me pertence.

Procuro nos teus lábios

As palavras dos Invernos infinitos,

Quando dos teus olhos prateados

Emergem as planícies da manhã,

 

E percebo que durmo.

Dumo amarrado aos sonhos

Onde acordam os monstros de outrora…

Alicerço-me aos rochedos envenenados

Que transportas nas mãos,

 

Finas e débeis,

Onde o cansaço se ergue

Como se erguem em mim

Estes tristes esqueletos de sémen…

E enquanto espero o novo dia,

 

Morro.

Este livro não me pertence,

Este livro não fui eu que o escrevi…

Este livro que trago em mim

Parece a silenciada tempestade,

 

Que acorda em cada madrugada.

E das finas e débeis palavras

Que folheias com as tuas mãos…

Uma lâmina de desejo

Poisa no meu corpo!

 

 

 

 

Alijó, 22/10/2022

Francisco Luís Fontinha

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