quinta-feira, 17 de outubro de 2019

A casa


Sabes, meu amor,

Esta casa tornou-se gélida, inabitável, e deixei de ouvir vozes.

Esta casa parece o abismo,

Antes de nascer o sol.

Ontem habita nesta casa o Sol,

Hoje,

Habitam sombras, pedras e rosas envenenadas.

Esta casa, meu amor,

Mais parece um esqueleto sentado na penumbra…

Não abro as janelas.

Não.

Não quero ver a luz.

Sabes, meu amor,

Esta casa parece o inferno.

E eu que não sei o que é o inferno;

Se existe, não existe…

Ou é apenas um mito.

Esta casa perdeu a alegria.

Esta casa não é uma casa normal.

(também não sei o significado de casa normal)

Nesta casa deixe propositadamente morrer as plantas.

Estão de castigo.

Como os pássaros do meu jardim…

Nem esses me vêm visitar.

Voaram para outro jardim.

Assim,

Meu amor,

Esta casa parece um auspício em cima de uma montanha de lágrimas.

 

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

17/10/2019

Sem comentários:

Enviar um comentário