A
caixinha envidraçada, suspensa na madrugada, sentia-se o silêncio
no espelho da mágoa, havia entre nós o sentimento de que nunca mais
regressávamos, partíamos..., e
Sentia-me
escuro, desabafava com o meu pai, e ele, não tenhas medo, não, meu
filho,
Dentro
da caixinha trazíamos pedacinhos de saudade, poucos tarecos e
amanheceres de nada, partíamos para o desconhecido, partíamos sem
sabermos o que nos esperava, lá longe, ma Metrópole,
Pai?
Sim filho, o que é... essa coisa de..., Metrópole, meu filho? Sim,
sim pai, é a nossa terra, responde-me ele secamente, não percebi,
pois sempre ouvi (com todas as letras) dizer que a minha terra era
Angola, não...
Não
essa Metrópole, não essa coisa de..., deixa lá pai, não faz mal,
depois explicas-me, e cresci, e vivi, ou melhor, fui vivendo sem
perceber o significado de Metrópole, esta angústia, este
desassossego, sentia-me enforcado numa sombra de uma das mangueiras
do meu quintal,
Sentia-me
escuro, desabafava com o meu pai, e ele, não tenhas medo, não, meu
filho, e eu perguntava-me por era tão grande aquele paquete de
papel..., pai? Sim, filho, não tenhas medo, meu filho, não
tenhas...
(…)
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
Quinta-feira,
3 de Julho de 2014
Sem comentários:
Enviar um comentário