foto de: A&M ART and Photos
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Deixei de ouvir os pássaros que
poisavam na prisão minha janela,
as conversas entre nós, cessaram,
voaram como pedaços de papel, cansados,
tristes,
malignos beijos na boca da ausência,
a rua que eu observava quando acordava,
não está lá, desapareceu como desapareceram os lábios da
madrugada,
evaporaram-se nas mãos dos peixes
voadores,
deixei de ouvir a tua voz, os pássaros
que poisavam na prisão minha janela,
sós,
como círculos de vaidade descendo a
calçada,
saltando sombras, saltando muros
invisíveis com sabor a amêndoa desleixada, desamada,
e assim escrevo no teu corpo
imaginário, poemas, palavras desencaixadas dos pilares de algodão...
deixei... de ouvir... que poisavam na
prisão minha janela,
(a solidão emagrece, torna-se um polvo
deslumbrante, alegre, amado,
a paixão, tal como a solidão,
emagrece, desce... e morre como morrem todas as lâmpadas de desejo,
a solidão, a solidão aparece,
desaparece,
e tal como a paixão,
e tal como o amor...
padece,
esquece que o no meu corpo habita a
dor...).
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 2 de Março de 2014
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