foto de: A&M ART and Photos
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enlouqueço como os ramos cansados da
amoreira
evaporam-se no vento agreste que traz a
tempestade de areia
vomita barcos e caravelas e mulheres de
porcelana
belas às vezes... feias quando os
charcos lamacentos do abismo estão sobre o mar...
mulheres que fogem das nuvens
invisíveis dos doces torrões de açúcar
enlouqueço
vivo fingindo viver
e escrever fingindo que escrevo
não escrevendo...
… nada
absolutamente... nada
porque odeio as canetas de tinta
permanente
porque deixei de guardar as velhas
folhas em papel amarrotado...
velho
porque... queimei os dedos do teclado
da máquina de escrever
ainda oiço os sons magoados das
sílabas em sangue...
e enlouquecido... sinto-me um iceberg
perdido na espuma tranquila do silêncio medo
procurando travessões longos de
madeira firme
palavras
tristes palavras
das cadeiras da sala de jantar...
oiço e choro
perco-me não percebendo que do
pavimento da paixão
acordam os laços de nylon dos mastros
enferrujados.
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 4 de Janeiro de 2014
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