foto de : A&M ART and Photos
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sinto-me pincelado com pedaços de
solidão
e do meu corpo-tela uma fina imagem
encosta-se aos filamentos incandescentes de uma lâmpada de halogéneo
não sou eterno
amado
sou um electrão mergulhado no espelho
do nada
sifilítico magala apodrecido na doce
paixão das árvores do silêncio
sinto-me uma locomotiva denunciando
carris e curvas de nível
sinto-me um bufo engolindo sombras que
a noite magoa depois do sexo alimentar a tua boca de sofrimento que
as rosas poisaram em ti entes de acordar a poesia
sinto-me um vadio inconfortável
ignorante como pequenas conversas de
tic-tac
nos alicerces das mãos de cereja que o
papel amarrotado embrulha entes da morte
sinto-me um cadáver profanado
mal-vestido
sinto-me um jardim sem nome procurando
as estrelas de cartão
sinto-me um barco fundeado no teu púbis
de areia
quando os petroleiros da desgraça se
fazem à costa pedinchando pequenas folhas de plátano
embebidas em cerveja de lata
sinto-me sobre ti ficticiamente falando
como quando éramos dois bancos de jardim
em busca de ripas em madeira
e madeixas coloridas dos triângulos
embriagados
sinto-me um falhado diplomado
um triste vagabundo sentado
nas tuas coxas de orvalho...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sexta-feira, 15 de Novembro de 2013
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