foto: A&M ART and Photos
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Dizem que me inventaram numa noite de
espinhos
quando dormia o sono
e todos os cheiros do teu corpo
deambulavam entre paredes de gesso
e pequenos quadrados de vidro
que a insónia lhes pegava com a mão
e os acariciava num espaço vazio
penumbro,
E fino como as asas dos anjos de
brincar...
estou a falar da janela dos sonhos
e do espelho da saudade
onde me miro todos os dias ao acordar
e vejo-me crescer como crescem as ervas
debaixo das lâminas de papel,
E vejo-me voar sobre as pétalas
encarnadas da tristeza
dizem-me que fui inventada
pela mão de uma nuvem cinzenta
quando ainda existiam nuvens cinzentas
na planície dos malignos esconderijos da paixão,
Hoje sou poeira como cigarros num
quarto de vidro
a que alguns chamam de cinzeiro
outros delírios meus enquanto não me
absorves e te alimentas de mim
dizem que fui inventada por ti
e aqui estou
esperando pelas tuas mandíbulas azuis
que vivem dentro do medo,
Esperando pelas tuas mãos de cedro
que trazes nos olhos e das estrelas
vadias...
os fins de tarde entalados no Tejo
depois de amarelos peixes esquisitos
abraçarem-se-me e levarem-me antes de
regressares para me resgatares do inferno
sentido que o amor deixa impregnado nas
roupas minha pele...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
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