foto: A&M ART and Photos
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Dissimulávamos-nos entre as raízes
poeirentas
dos velhos candeeiros a petróleo
deitávamos-nos sobre uma velha
secretária em madeira apodrecida
e rezávamos
como personagens de um livro de
insónias sobre o divã da saudade
percebia que os teus olhos
os olhos meus contra a cortina de fumo
que alimentava o eterno silêncio
desejo
desejando palavras indesejadas
como nós
havíamos um dia de recortar as imagens
das nossas cartas perfumadas
e suspendê-las ou decalcá-las... ou
simplesmente... queimá-las contras os vidros das janelas do Outono,
Havia um corpo ancorado ao teu
que confesso... nunca percebi a sua
história de cadáver sem sonhos
voando entre as montanhas dos pássaros
encarnados com telhados de vidro...
ouvia
ouvíamos os ossos do esqueleto
incompleto das tuas coxas ranger como gonzos
durante a noite construída em mentiras
e falsas imagens
com legendas tridimensionais
incolores
sofredoras como os bancos de madeira
onde nos sentávamos...
que coisa... esta nossa vida
de equação de Einstein...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
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