foto: A&M ART and Photos
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A última bebida da noite disfarçada
de palavras
simples duas pedras de sílabas
e uns singelos lábios
como se a noite continuasse a viagem
até à ilha dos livros
atravessando a porta do silêncio,
Tenho dentro de mim
o teu espelho de infância onde te
olhavas e brincavas
e às vezes te esquecias de adormecer
de tanto te olhares
e de tanto o teu corpo crescer,
O fim da história
do livro e do poema e da vida
sempre o derradeiro fim como a
encerrada solidão
sem que a mão humana consiga abrir as
janelas do sonho
como fazem os peixes quando descem ao
fundo do rio,
O fingimento da felicidade
dos sorrisos falsos em falsos lábios
de falsas cabeças
a dor quando o corpo transpõe a
fronteira da loucura
e se vai sentar no banco de uma
enfermaria com plátanos encarnados
e olhos azuis embrulhados em gotinhas
de água,
Tudo à minha volta é falso
o dia e a noite e a liberdade e a
Primavera que só existe em literatura
o falso amor com falsos sorrisos em
falsas dores
com falsos juízos
mas tudo tudo é cor que dorme na tela
do sofrimento...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
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