sábado, 16 de março de 2013

Vida em carris subterrâneos


Vida em carris subterrâneos como a alma do morto
sobrevive-se dançando na praia como grãos de areia
salgada
sobrevive-se dançando
entre picos de solidão e melodias de cansaço
o meu porque sofrer é o mar depois de dormir
levar com os barcos sobre os lençóis da noite
gemer sorrindo fingindo amar
contra as janelas e os pilares vagarosos
que o vento transporta de ontem
para... stop
amanhã é outro dia,

Incendeiam-se-me as asas e caio na fossa séptica do amor
sem dizer nada
ou ninguém,

Ou palavras,

Leio-o porque dorme em mim não descendo calçadas
não brincando em jardins
leio-o como leio nas folhas das árvores
as migalhas do teu corpo em sabonetes de rosa adormecida
não me interessam os transeuntes famintos dos teus pobres seios
quando em mim
todos me odeiam
e vejo-me encardido nas pedras de mármore dos montes abandonados,

Vejo-me sentindo-me ser escrito por um louco
na mesa oca da taberna da Joaquina
e sei que lá fora
uma luz encarnada procura-me
como os olhos da madrugada
ou os cadáveres de ontem
em nada ou ninguém
para... stop,

Amanhã é outro dia,

Ou palavras,

Ou burocracias de um doente mental com hálito a chocolate
e nos bolsos doentes
encontraram-se-lhes pedaços de beijos
migalhas
canalhas
os todos entre ninguém
homens soberbos das esplanadas
e eu... infinito nos teus braços.

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

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