quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

As veias que não tenho medo de quê?


As veias que não tenho
porque vendi-as para comer
as mãos que me tremem
porque também as vendi
não para comer
apenas porque senti
vontade
desejo
de deixar de escrever
morrer caminhando suavemente sobre a neve invisível
que desce a montanha
as veias que não tenho
e que ninguém amanha
estas palavras poucas
ou loucas
bocas em revolta
que este povo apanha
porrada
desemprego
fome
medo
medo de quê?
revolta-te se ainda tens veias
revolta-te se ainda não vendeste as tuas veias
para comer
para escrever
ou simplesmente para amar
mas revolta-te por favor
revolta-te homem do mar...
medo de quê?
porrada
desemprego
fome
medo
medo de quê?
não há medo que adormeça um homem
não há palavras que acorrentem os braços do homem
que não se deixa adormecer
pelo medo
pela fome
medo de quê?
revolta-te homem.

(não revisto)

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