sexta-feira, 30 de novembro de 2012

morte inventada de ti em pedacinhos de amêndoa


a minha morte inventa-se dos papeis emagrecidos da poesia não escrita
a fogueira alimenta-se indecisamente como se eu fosse uma árvore
uma simples palavra
ou uma erva daninha
que brinca no recreio da escola,

metes-me medo
quando apareces no espelho do tecto da insónia
oiço-te chamares-me gritando para as flores verdes
e castanhas
e não esquecendo as cinzentas que colocaram sobre o meu peito,

e eu não vou
nunca irei
a minha morte entre três pedacinhos de vidro
obrigam-te a desceres as tuas lágrimas
e nunca mais gritarás o meu nome,

e dos teus olhos de purpura manhã engasgada no oceano
renascerá a voz melódica do uivo circular em medos negros
castanhos
as raízes do teu coração
vagueando na areia desgovernada da solidão.

(poema não revisto)

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