a minha morte inventa-se dos papeis
emagrecidos da poesia não escrita
a fogueira alimenta-se indecisamente
como se eu fosse uma árvore
uma simples palavra
ou uma erva daninha
que brinca no recreio da escola,
metes-me medo
quando apareces no espelho do tecto da
insónia
oiço-te chamares-me gritando para as
flores verdes
e castanhas
e não esquecendo as cinzentas que
colocaram sobre o meu peito,
e eu não vou
nunca irei
a minha morte entre três pedacinhos de
vidro
obrigam-te a desceres as tuas lágrimas
e nunca mais gritarás o meu nome,
e dos teus olhos de purpura manhã
engasgada no oceano
renascerá a voz melódica do uivo
circular em medos negros
castanhos
as raízes do teu coração
vagueando na areia desgovernada da
solidão.
(poema não revisto)
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