Estavas tão cansada que esqueceste a
minha mão de madrugada
poisada sobre a fúria noite em
construção
desenhei-te na almofada silenciosa de
uma cama de hotel
e os telhados de vidro choravam a tua
partida
como eu meu amor
no indefinido sofrimento das palavras
escritas no teu corpo resgatado ao
guarda-fato da insónia
os teus olhos sibilados pelos rios do
prazer,
Estavas tão cansada
a minha mão de madrugada
nos lábios de deus
e no entanto
o teu sofrimento
percebi-o como percebo a tua ausência
cintilante que clareia nos quartos de
hotel
das janelas com fotografias para a
cidade adormecida,
Escrevo-te sabendo que a noite à
lareira descerá dos livros sem palavras
como da tua boca os doces morangos da
noite mal dormida
cinco minutos submersos no teu ventre
de oiro poema das marés encantadas
escrevo-te
da tua boca
a almofada dos gemidos círios dos
versos consumidos pelo fogo da paixão
o arbusto do sonho
nos teus olhos sibilados pelos rios do
prazer.
(poema não revisto)
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