segunda-feira, 16 de abril de 2012

Oceanos desgovernados

Os sonhos
que desperdicei nas manhãs de inverno
as noites de inferno
junto ao mar
inventando barcos e marés
e oceanos desgovernados
os sonhos
que desperdicei quando na madrugada
um candeeiro a petróleo de cerrava
e desaparecia na neblina
cansada
os sonhos
que desperdicei nas mãos da dor
entre palavras e grãos de poeira
e um pedacinho de alumínio me acenava
e entrava em mim
junto à lareira

os sonhos

os sonhos
que desperdicei em todas as folhas de papel
e em todos os livros que li
e em todos os livros que me recuso a ler
porque estou cansado de sonhar
porque estou cansado de sofrer...

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