quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Os olhos do medo

Masturba-se a cidade
Dentro dos candeeiros de néon
As ruas incham nas sombras da noite
E nos orgasmos de fome
O desejo do homem vestido de mulher
Que vagueia sobre as migalhas de suor que se desprendem das árvores

(Tenho medo da noite
Medo das estrelas
Da lua
E dos rios que correm para o mar) – grita ele

O desejo do homem vestido de mulher
Que busca as minguas moedas de euro na algibeira amarrotada
E cinzenta
E deserta na confusão das luzes suspensas nos olhos do medo

A fome cresce e multiplica-se
Nas pétalas das flores escondidas dentro dos candeeiros de néon
E nos orgasmos de fome
Masturba-se a cidade

E o homem vestido de mulher sorri
Quando a garganta do medo come a noite
E os desejos das migalhas de suor
Correm nas veias travestidas de um cacilheiro
O homem sorri
E dorme nas asas cansadas do amanhecer

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