segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

A minha vida

A minha vida
São linhas cruzadas suspensas na tela da solidão
Cores magoadas nas noites de tristeza
Quando abro a janela e nenhum sorriso à minha espera
A minha vida
A sombra complexa dos plátanos do outro lado da rua

A minha vida
Sem vida
Sem janelas
Nem telas
Nem cores…
A minha vida são linhas cruzadas suspensas na tela da solidão

Dois carris junto ao tejo
E um livro na mão

A minha vida
Sem vida
Sem janelas

A minha vida quando se transforma em maré
E engole os barcos da saudade
E mastiga os papagaios de papel das tardes de Luanda…
A minha vida
Maldita vida de linhas cruzadas
Numa tela vazia sem janelas sem portas com cores magoadas

A minha vida acorrentada às sombras do tejo
Numa esplanada amarrotada em copos de cerveja
E miúdas de minissaia que apressadamente galgam o vinte e oito
Desaparecem entre as nuvens da madrugada
Acordam na claraboia do sótão da primavera
E é assim a minha vida

Uma merda complexa disfarçada de plátanos
Do outro lado da rua
E uma esplanada amarrotada em copos de cerveja
Evapora-se no púbis do tejo

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