Eu menino
Mergulhava no medo do mar
Cerrava os olhinhos com os silêncios da tarde
E na areia fina do Mussulo
Descia até às profundezas da terra
E ficava lá até que a noite me acordasse
Até que as estrelas se acendessem
Sobre a ilha
E levitando dentro do túnel da maré
Voltava a abrir lentamente os olhinhos…
E sentia os braços da minha mãe
Poisados dobre os pêndulos do meu corpo
Eu menino
Mergulhava no medo do mar
Inventava amigos que brincavam comigo
À sombra das mangueiras
E o meu triciclo fartava-se da minha companhia
E antes que chegasse a noite e me levasse para o mar
Eu corria eu corria eu… corria para as mãos dum boneco estúpido
Que batizei de chapelhudo
E hoje não tenho o mar nem medo do mar
E hoje sei que amo o mar
E hoje se fosse hoje não me escondia na areia fina do Mussulo
Hoje eu corria eu corria eu… corria até me cansar
Sem comentários:
Enviar um comentário