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quinta-feira, 4 de abril de 2013

Porta do Silêncio

foto: A&M ART and Photos

A última bebida da noite disfarçada de palavras
simples duas pedras de sílabas
e uns singelos lábios
como se a noite continuasse a viagem até à ilha dos livros
atravessando a porta do silêncio,

Tenho dentro de mim
o teu espelho de infância onde te olhavas e brincavas
e às vezes te esquecias de adormecer
de tanto te olhares
e de tanto o teu corpo crescer,

O fim da história
do livro e do poema e da vida
sempre o derradeiro fim como a encerrada solidão
sem que a mão humana consiga abrir as janelas do sonho
como fazem os peixes quando descem ao fundo do rio,

O fingimento da felicidade
dos sorrisos falsos em falsos lábios de falsas cabeças
a dor quando o corpo transpõe a fronteira da loucura
e se vai sentar no banco de uma enfermaria com plátanos encarnados
e olhos azuis embrulhados em gotinhas de água,

Tudo à minha volta é falso
o dia e a noite e a liberdade e a Primavera que só existe em literatura
o falso amor com falsos sorrisos em falsas dores
com falsos juízos
mas tudo tudo é cor que dorme na tela do sofrimento...

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha