Uma estátua de luz
Suicida-se na cidade das
marés envenenadas,
Traz a enxada,
Traz as madrugadas,
Traz as palavras,
E traz o falso oiro.
Deste poema,
Sobreviverá a todas as
janelas quadradas,
Nas falsas alvoradas,
Nas falsas ribeiras
ancoradas.
Uma estátua de luz
Que marcha na parada,
Ouve o grito do clarim
sobre a ponte…
Corre, corre, corre até
ao monte,
Corre… corre até desfalecer,
Gritar,
Chorar e gemer.
Aos uivos do teu corpo
silenciar,
Gemem as palavras de
escrever,
Morrem os pássaros de
voar.
Uma estátua de luz
Suicida-se na cidade das
marés envenenadas,
Correm, correm todos para
a praça
Das esplanadas;
Assim seja, tristes
madrugadas.
Francisco Luís Fontinha
Alijó, 19/12/2021