terça-feira, 2 de outubro de 2012

O amor desencontrado


Será o amor
um texto
um poema sem sentido
desorganizado
perdido
achado
o amor desencontrado

será o amor uma canção sem palavras
um destino infinito mergulhado na solidão das noites sem livros
quando o sono teimosamente voa sobre as árvores desempregadas
procurando nas calçadas da cidade as gotas de suor que o outono deixa cair nas ardósias da madrugada

será o amor
um texto
um poema sem sentido

achado
desencontrado
desesperadas

o amor das pessoas tristes que vagueiam nas roseiras do jardim da tristeza
vem do cansaço
o perfume do papel
um texto
um poema sem sentido

será o amor
um mendigo
ou será o amor
um desejo sem abrigo
sentido
achado
cansado
perdido

perdidamente apaixonado.

(poema não revisto)

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Maré de Outubro


Oiço-te as palavras amargas
saltitando dentro de um cubo gelatinoso
ao vidro vêm as sílabas dos suspiros da manhã
às páginas em pétalas adormecidas
é no cansaço da vida que acorda a maré de Outubro
e os pilares de aço que sustentam as arcadas imaginárias dos barcos
dormem
tombam nos jardins cobertos de nuvens

peço às gaivotas que me deixem caminhar sobre o manto vertical de espuma
em cristais de iodo e sorrisos de silício

papeis dispersos nas ruas desenhadas nos lábios da cidade
em compasso
dormem
tombam nos jardins cobertos de nuvens

as tuas mãos de Primavera.

(poema não revisto)