domingo, 4 de dezembro de 2011


59,4 x 84,1 (desenho de Luís Fontinha)

59,4 x 84,1 (desenho de Luís Fontinha)

As árvores invisíveis

Morri,
Cessa o odor do meu corpo
Pendurado numa árvore invisível
E uma cidade imaginária
Com milhões de árvores invisíveis
Voam para o mar,

Morri,
E todos os que me amavam
Morreram;
(trinta e três cachimbos e quatro mil e quinhentos livros)
Que não me serviram de nada
Apenas que me amavam
E deixaram de me amar,

Morri,
E a cidade imaginária
Com milhões de árvores invisíveis
Sobre o mar imaginário
Olham o meu corpo
Que olha o odor do meu corpo

Pendurado numa árvore invisível,
Morri,
Morri sem perceber
Que sempre vivi sem viver…
Vivi numa cidade imaginária com milhões de árvores invisíveis
E que deixaram de me amar;
(trinta e três cachimbos e quatro mil e quinhentos livros).