Levita na gravidade de
sentir
O poeta dependurado
quando um fio de silêncio corta a cabeça do sono,
O sono faz bem, a insónia
certamente fará melhor,
Comparado com o dia,
Que é tédio, que é
drageia para o apetite…
E quase nada come, o
poeta,
Quase,
Porque o poeta em Paris,
Foi feliz,
Quando nos seus olhos se
alicerçou o sorriso do Louvre.
Ai o Louvre.
Ai a Torre Eiffel,
O Arco…
Trouxe livros de lá,
caderninhos onde agora escreve palavrinhas, números, coisas de encantar as
crianças, contas de merceeiro,
E o poeta foi tão feliz,
em Paris,
Tão feliz como o é a
cidade Luz…
Paris à noite, enquanto
um autocarro descapotável se escondia em cada rua de desejo…
De pertencer à cidade.
Em cada esquina, um
artista, um poeta, um músico…
Este poeta,
Em cada esquina uma
palavra proibida, uma palavra disparada contra o Sena, e o cheiro do Sena, meu
Deus…
E os barcos, meu Deus; e
as pontes e os alimentos da alma.
E a lua estava tão linda.
Certamente irá um dia, o
poeta, novamente a Paris…
Certamente,
Um dia,
Dia.
02/01/2024