Deram-me um nome,
vestiram-me de luz
Lavaram-me com as nuvens
da noite anterior
Fizeram-me o favor, e
vestiram-me umas sandálias em couro, e calçaram-me
Os meus primeiros calções
Desse nome pouco ou nada
recordo, mas tive um nome, e tive, também, uma alcunha
Vivi numa montanha de
espigas, brinquei no centro de massa da última tarde deste século
Depois veio o fogo,
transpirou a chuva
Nas suas tristes sílabas,
tive um jardim em prata, tinha alcunhas, tinhas pedaços de madeira
Alguém as apelidou de
sombra, e outros
Lhes chamavam de
primavera
Ou até de ribeira
E o que resta de mim, é
apenas este nome
É e só, a lágrima disfarçada
de viúva-alegre, sabia-o longo que rompessem as chuvas do penúltimo relógio no último
cais de embarque
Veio-se, e percebeu que
todo aquele sémen era e só algumas palavras à procura de uma vírgula, sempre
que acordava o senhor Alberto, na mão
O meu nome.
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