quarta-feira, julho 09, 2025

a flor-noite

 

cada fotografia do teu olhar, é um pedaço de gelo, nas mãos do senhor

a cada tolice do poeta, uma lágrima de vento, sento

e sinto

que entre o arvoredo das tuas coxas, um triângulo rectângulo

procura pitágoras, o homem dos catetos

e de seus netos,

quanto a filhos, nenhum lhe é conhecido

 

uma viga auto-suspensa, desalojada, tão ruim e triste

enferrujada, a bicicleta pedalava no silêncio de um luar

a viga tem seios, a viga, às vezes, dorme nos braços de um pilar

nas mãos do soldador, nos olhos do engenheiro, do serralheiro, do poeta, também, o tolo ausente sempre sem ninguém, o sangue que lhe escorria pela boca

uma mulher, que tinha sido contratada para o laboratório

apenas,

apenas para regar as plantas

 

são dois quilogramas de serrim, dois gramas de mel, um cabo de aço para suster e prender

aos teus braços,

nos meus braços,

a cultura

e

o saber,

e a puta que os pariu, sempre que vinha a noite e lhes roubavam os sonhos…

 

e das tuas mãos, acorda a flor-noite.

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