sábado, 9 de novembro de 2024

Porquê?

Neste momento, a única pessoa que acredita,

Talvez seja fé,

De que eu não estou louco, 

É o meu amigo doutor Luís Castelo-Branco,

Nada tem a ver com a outra abécula que por aí anda,

Até que este, o meu amigo, é psiquiatra.

Conheci-o noutras loucuras, e confesso,

Não sei se valeu a pena. 

Porque a minha dúvida continua;

Porquê?


Nasci e logo questionei a minha mãe

Porquê, mãe?

Cresci, ela morreu

E nunca me respondeu,

Porquê mãe?


Porquê?


Até que as coisas teriam sido mais simples

Se eu

Se eu tivesse ficado,

Naquela loucura.

Os pássaros hoje

Já não são pássaros,

E até o mar,

Não é o mesmo mar,

De quando eu me agarrava ao pescoço da minha mãe

E

Lhá não, lhá não, mãe


Tudo seria mais fácil, e no entanto

Saí de uma loucura,

Inventando

Outras loucuras.

Assassinei personagens, homens, mulheres

Crianças num qualquer parque infantil,

E mesmo assim,

O sol era uma fina lâmina de luz,

que se cravava no meu peito.


Porquê? 


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