quinta-feira, 17 de outubro de 2024

Os travestidos bares do amor

 

Faltam-me as drageias comestíveis da paixão

reescritas no corpo incenso que a tempestade leva

longe chegam as nuvens tristes

silenciosas

tâmaras teus olhos prisioneiros de mim

tuas mãos de porcelana

amam

fazem sexo com as minhas mãos de areia

inventas-te como inventaste a chuva

como inventaste as janelas viradas para o mar

transgénicos barcos navegando em teus seios de prata

com velas de púbis desgovernados dentro do fumo incandescente do amanhecer,

 

Amávamo-nos como duas árvores de papel

aprisionadas a um cordel...

 

Faltam-me as drageias comestíveis da paixão

como uma cidade que arde dentro de ti

incendeias-te vomitando as palavras proibidas

gemidas da tua boca

em loucas avenidas

correndo subindo correndo e subindo...

como guindastes de ossos procurando o prazer nos sexos dos marinheiros

mórbidos entre o cais

e os travestidos bares do amor

cai o cortinado do teu peito

e encerra-se para sempre o desejo em ti

das tristes janelas viradas para o mar.

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