De um cubo de vidro
habita o desejo vinícola
dos teus seios amargurados
suspensos no abismo do
sumo tentacular do silêncio
o teu corpo no meu corpo
um só cacho de sabor
que alimenta o vinho do
amor
há abelhas que se
masturbam sobre as tuas mãos
brincam
um rio e uma criança
e um homem com um chapéu
de xisto sentado nas tuas coxas
poisa a enxada invisível
sobre a mesa do jantar
enquanto inventas pasteis
de nata e queijo de cabra
o homem entra nas tuas
coxas com pálpebras de milho
e as torradas do
pequeno-almoço
fingem um orgasmo de
aveia
brincam
ele e ela e milímetros
cúbicos de mosto dentro do cubo de vidro
gosto de ti recheada com
as manhãs de chuva
quando as algibeiras das
janelas de vidro
mergulham suavemente nos
teus lábios
gosto de ti recheada de
rosas amarelas e nuvens de prata
a uma só voz
sobressai
sobressai um gemido misto
e nas paredes do cubo de
vidro
e nas paredes do cubo de
vidro
a tua língua como uma
caneta de tinta permanente
percorre o meu corpo de
pergaminho
Sem comentários:
Enviar um comentário