terça-feira, 15 de outubro de 2024

noite cinzenta

 

as pedras castanhas filhas da noite cinzenta

fundem-se-lhe nas mãos clandestinas que a dor adormece

faz de conta que vive

sem viver

sem resmungar com os transeuntes vestidos de negro

que se fazem passear

entre os gladíolos do jardim da insónia

e a triste numeração da calçada sem memória,

 

caçávamos borboletas dentro do escuro quarto com janelas gradeadas

e o aço que antes gemia

hoje morto

derretido como os dedos do poeta amaldiçoado,

 

as pedras castanhas filhas da noite cinzenta

em vidros de pergaminho...

 

cinzentas as árvores de linho

que adormecem nos teus cortinados

a fome emerge

submerge

como pregos semeados na seara tua cama

as pedras castanhas... como ravinas de azoto...

Sem comentários:

Enviar um comentário