as pedras castanhas
filhas da noite cinzenta
fundem-se-lhe nas mãos
clandestinas que a dor adormece
faz de conta que vive
sem viver
sem resmungar com os
transeuntes vestidos de negro
que se fazem passear
entre os gladíolos do
jardim da insónia
e a triste numeração da
calçada sem memória,
caçávamos borboletas
dentro do escuro quarto com janelas gradeadas
e o aço que antes gemia
hoje morto
derretido como os dedos
do poeta amaldiçoado,
as pedras castanhas
filhas da noite cinzenta
em vidros de
pergaminho...
cinzentas as árvores de
linho
que adormecem nos teus
cortinados
a fome emerge
submerge
como pregos semeados na
seara tua cama
as pedras castanhas...
como ravinas de azoto...
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