sexta-feira, 18 de outubro de 2024

Milimetricamente prisioneira dos teus olhos

 

Do sossego mísero cansaço de caminhar sobre a neblina da tua pele milimetricamente

prisioneira do espelho da casa de banho

os teus olhos mergulhados no desejo das flores imperfeitas

às nuvens de chocolate suspensas no púbis das tardes de Outono

os livros

e as palavras

a terra húmida diluída nas veias da tempestade

abrem-se as portas da morgue

olhas o meu corpo sobre o mármore da infância

ao pequeno-almoço

a poesia da tua pele milimetricamente

prisioneira do espelho da casa de banho

 

oiço-te nas palavras

os livros

e as palavras

 

o arco da corda suspenso na árvore

que em jejum percorre a tua pele milimetricamente

prisioneira do espelho da casa de banho

 

termina a vida

e todos os males que infestam as florestas

olhas o meu corpo sobre o mármore da infância

ao pequeno-almoço

e uma gaivota não se cansa de chorar

sobre o meu peito

onde alguém durante a noite

plantou um embondeiro

com uma cabeça de vidro

e mãos de sonho

platonicamente me abraças

e escreves o meu nome na areia invisível da tarde.

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