domingo, outubro 06, 2024

Ai menina

 

Letras apenas

pequenas

tretas

que às vezes não percebem

que as pretas

uvas

são eternas

formosas como cobertores de Outono,

 

Rosas

vestidos cansados sobre ombros de prata

nossas vozes recheadas pelos vendavais de lata

em casas rochas a areia assassina dos quintais de Inverno,

 

Ai menina

o que seria de mim dentro do poço no inferno

sabendo eu que a minha triste sina

é... dormir inventando letras de papel

aquelas... as pequenas

tretas dos silêncios papagaios coloridos,

 

Ventos os sofridos

vendo tudo

a minha alma que não tenho que nunca tive que não pretendo ter

vendo semáforos de Verão com guarda-sóis semeados nas lajes graníticas

aquelas

onde brincam os teus lábios e gravitam as tuas mãos de cegonha...

 

Meu deus...

que vergonha

a minha triste palavra escondida na algibeira da montanha adormecida

Deus ignora-me? Claro que não meus versos transtornados

Deus passeia-se dentro de mim

sem que eu perceba o que são incógnitas equações em três apenas letras...

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