todos embarcaram na
alvorada
excepto eu
que não quis partir
e fiquei a olhar os
vidros vazios
nas árvores despidas
os cinzeiros recheados de
teias de aranha
pedaços de tabaco
e asas de abelhas
cansadas do tédio
e avassaladas pelos sons
dos livros
que durante a noite
em gritos minúsculos no
jardim salpicam as árvores de mel
não quis partir
e fui ficando a olhar os
barcos imaginados
nos sonhos da infância
num quintal infestado de
mangueiras
e papagaios de papel
fui ficando
fui
excepto eu
ficando fui
e fui ficando a olhar os
barcos imaginados
nos sonhos da infância
e nunca conseguir ler
as palavras que alguém
escrevia
(durante a noite) nos
céus de Luanda
… os barcos imaginados
e vómitos de saudade.
Sem comentários:
Enviar um comentário