domingo, 1 de setembro de 2024

 

diante deste monstro assassinado, me confesso surpreso e com medo,

que acorde a noite, e se desfaça em mil pedaços de luz.

que escreva nos mil desejos ventosos as primeiras lágrimas da madrugada,

desce a calçada, e ao fundo o rio

e ao longe

a púbis marítima dos pecados originais.

sou um sortudo em estar vivo, despido

dentro do espelho amargurado,

se uma nuvem vomita sémen

é porque as palavras se ausentaram do silêncio.

poderia estar louco, não estou louco e tão pouco

sou tolo

ou parvo

em acreditar que um deus desconhecido

erga as mãos ao meu filho

e suplique

que se invente no sorriso da lua.

as crianças são o sorriso das flores e, no entanto, há flores que nunca

nunca serão flores,

mesmo por muito ordinárias que fossem.

engasgo-me com a saliva da tua boca, e primeiro de tudo, que é quase anda,

sou um poeta desiludido com a madrugada,

com as estrelas

e com a hortelã da manhã.

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