diante deste monstro
assassinado, me confesso surpreso e com medo,
que acorde a noite, e se
desfaça em mil pedaços de luz.
que escreva nos mil
desejos ventosos as primeiras lágrimas da madrugada,
desce a calçada, e ao
fundo o rio
e ao longe
a púbis marítima dos
pecados originais.
sou um sortudo em estar
vivo, despido
dentro do espelho
amargurado,
se uma nuvem vomita sémen
é porque as palavras se
ausentaram do silêncio.
poderia estar louco, não
estou louco e tão pouco
sou tolo
ou parvo
em acreditar que um deus
desconhecido
erga as mãos ao meu filho
e suplique
que se invente no sorriso
da lua.
as crianças são o sorriso
das flores e, no entanto, há flores que nunca
nunca serão flores,
mesmo por muito
ordinárias que fossem.
engasgo-me com a saliva
da tua boca, e primeiro de tudo, que é quase anda,
sou um poeta desiludido
com a madrugada,
com as estrelas
e com a hortelã da manhã.
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