sábado, 7 de setembro de 2024

As cordas do amor

As cordas do amor

que sustentam o teu corpo em delírio

das cordas do amor

onde se vertem os pingos de saliva

dos cortinados em desejo

há uma janela mergulhada no prazer

que absorve todos os corpos da noite

há a noite de constantes alicerces nos teus braços

há janelas nos teus olhos

das cordas do amor

 

todos os corpos da noite

vai

vai a noite em ácido

morrer no aço inoxidável da morte

 

e há um rio

suspenso no teu pescoço doirado

verte-se a manhã num copo de uísque

e no entanto

o teu corpo em cio

desaparece entre as cordas do amor

e os cortinados em desejo

e há um rio

 

e há um rio no teu corpo em cio

que a noite constrói em milímetros pedaços de papel

e há

e há palavras em gemidos nos lábios da maré

 

e há um rio

e o teu corpo

mergulhado em cio

ao pequeno-almoço

 

e há

palavras que gemem

e há um rio

com o teu corpo

nas palavras que gemem

das bocas loucas

da madrugada

um pequeno-almoço em pausa no copo de uísque da manhã...

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