Inventei distâncias para
fugir de ti
criei dentro de mim
personagens invisíveis
bonecos e bonecas em pura
porcelana
vivi menti
como um agarrado jardim
às árvores comestíveis
dos corpos mortos na
lareira chama,
Como me arrependo das
caminhadas pela montanha
comendo ervas daninhas
ou aguentando o castigado
castigo
do homem com cabeça de
vidro
dormíamos inventando
prazeres
e pequenos gemidos
que a noite engolia
e o dia
o querido dia transpirava
vomitava
contra as ardósias das
ruas em desalinho
dentro de mim invenção da
manhã doente e sonolenta,
Inventei o coração de
prata
e o orgasmo matinal
inventei os relógios de
sol
e os telhados de lata,
Inventei distâncias para
fugir de ti
desenhei versos de amor
nas paredes insolentes
dos corpos com colares de
iodo
inventei a loucura
e as enfermarias onde
acorrentam Marias
e a mim
que inventei as árvores
com folhas de papel...
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