sexta-feira, 9 de agosto de 2024

 

sinto-me só

capaz de enfiar uma bala na cabeça

sinto-me só

neste labirinto sem sentido

dentro desta equação não resolúvel

e tão fria

como a água da ribeira

ou a luz do dia

 

sinto-me só

a cada manhã acordado

acordo muito cedo, muito cansado

muito teimosamente arrependido

de ter acordado,

muito só

dentro deste labirinto sem sentido

 

sinto-me só

só sem ninguém

e nem uma alma penada

poisa na minha mão

e me diga

o quanto eu estou enganado

o quanto por mim sofre a madrugada

 

muito só neste silêncio enforcado

sinto-me só

muito só nesta ruela sem saída

nesta ruela sem casas

sem crianças a brincar

sem papagaios em papel

só,

muito só.

em frente ao mar…

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