segunda-feira, 12 de agosto de 2024

Pego neste pedaço de nada,

Que não é nada,

É apenas o vazio,

O vazio travestido

De madrugada,

Ou a madrugada fingindo

Que também ela,

Não é nada.

 

Pego neste pedaço de nada,

Que podia ser uma outra coisa qualquer, sempre melhor de que anda,

E a verdade,

A verdade é que desconheço o nome deste pedaço de nada…

Vamos apelidá-lo de Lua,

De sorriso no rosto,

Pincelando os lábios de luar…

E nas horas mortas, escreve poesia no sorriso do Sol.

 

Pego neste pedaço de nada,

Que quase confundo com tudo,

Melhor de que nada,

E percebo que na rua lateral, junto ao rio,

Um pedaço de tudo,

Um pedaço de tudo me espera.

 

Que farei quando tudo arde?

Leio o poema de Sá de Miranda, com o mesmo nome,

Nada, apenas pedaços de nada,

Li há muito Lobo Antunes, com o mesmo nome,

E tal como Sá de Miranda,

Nada.

 

Quando tudo arde

E apenas temos um pedacinho de nada,

É deixar arder,

E das cinzas,

Talvez acorde um pedaço de tudo.

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