Pego neste pedaço de nada,
Que não é nada,
É apenas o vazio,
O vazio travestido
De madrugada,
Ou a madrugada fingindo
Que também ela,
Não é nada.
Pego neste pedaço de
nada,
Que podia ser uma outra
coisa qualquer, sempre melhor de que anda,
E a verdade,
A verdade é que
desconheço o nome deste pedaço de nada…
Vamos apelidá-lo de Lua,
De sorriso no rosto,
Pincelando os lábios de
luar…
E nas horas mortas,
escreve poesia no sorriso do Sol.
Pego neste pedaço de
nada,
Que quase confundo com
tudo,
Melhor de que nada,
E percebo que na rua
lateral, junto ao rio,
Um pedaço de tudo,
Um pedaço de tudo me
espera.
Que farei quando tudo
arde?
Leio o poema de Sá de
Miranda, com o mesmo nome,
Nada, apenas pedaços de
nada,
Li há muito Lobo Antunes,
com o mesmo nome,
E tal como Sá de Miranda,
Nada.
Quando tudo arde
E apenas temos um
pedacinho de nada,
É deixar arder,
E das cinzas,
Talvez acorde um pedaço
de tudo.
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