O comandante deste navio só pode estar louco, quer levar-me deste inferno,
tenho medo, que ele me
queira comer. Saciar-se com a minha triste, magreza.
Escrevo-te cartas.
Envio-te, palavras.
O mais certo é elas não
chegarem a ti, como sempre, em toda a minha vida,
Saltitei de endereço em
endereço, e o mais preocupante, todos eles, endereços errados. A minha vida
é um endereço,
transverso, e errado.
Um perfeito dia, para
mim, era beijar-te.
E esquecer o comandante
deste navio.
Já pedi a deus e às
estrelas e à noite, já pedi até à lua, um pouco mais de sossego, um pouco mais
de alegria
mas cada dia
não é poesia,
cada dia é um tormento, é
um tornado, que balança o teu cabelo loiro, sobre o mar.
Nunca falei contigo sobre
o mar, tão pouco sei se gostas do mar, se gostas de livros, se gostas de
poesia, se gostas de mim…
cinema!
Talvez, sim.
Talvez um dia
percebas que o comandante
deste navio,
só pode estar louco.
E quer levar-me. E quer.
O que faço, meu Deus?
Vou?
Assassino o comandante?
E fico, com o navio,
triste. Só. Perdido nos braços da maré mais linda do Oceano; tu.
O que faço?
Cintilam as pedras nos
braços da manhã, e sempre que posso, faço-o, ler antes de sair de casa, um pequeno
poema.
Talvez seja a minha
oração. A cada dia sinto que o comandante deste navio me quer comer, alimentar-se
da poesia que fui semeando ao longo dos anos.
Aqui. E ali.
E mesmo assim, sou
acorrentado a uma sombra de giz. Tenho tanto medo, meu deus, tenho tanto medo,
que o comandante deste navio me leve, e nunca mais
Veja os teus olhos na
fimbria manhã.
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