Milhões de vozes comem o
meu corpo, milhões de palavras aprisionam os pássaros do meu corpo,
E eu preciso tanto, do
teu corpo
Submerso na escuridão de
milhões de vozes,
Que comem as palavras do
meu corpo,
Quando eu quero
O teu corpo,
No meu corpo.
Milhões de beijos
disparam mil palavras
Contra o meu
Corpo,
No teu corpo,
embalsamados pelo desejo.
Milhões de livros,
Escrevem uma estória,
Memória,
Milhões de vaginas
desconhecem o prazer do poema, quando ejacula na penumbra, o silêncio.
Milhões de mortos, são
soldados
São crianças à procura da
mãe,
Antes que acorde a noite.
Milhões de canções que
descem sobre o meu corpo, sempre que um rio respira, transpira a noite sovacos
de amêndoa, depois é o dia
Odiar-te.
Depois é noite
Há noite há noite nos
teus lábios
Amar-te.
Depois são os milhões de
electrões no esperma do pôr-do-sol, depois é o cansaço, de amar-te. Desejar-te.
Eu morrer nos teus braços
Hoje.
Incandescente néon que só
os teus olhos conseguem desenhar nos olhos de uma criança. Depois é a noite,
são milhões de estrelas nos teus olhos,
São triliões de sonhos,
No teu cabelo.
Escrevo-te porque te amo,
mas de nada me serve escrever-te,
Sabendo que a tarde é
apenas na tua mão uma nuvem de sono.
Dorme. Dorme minha
menina.
Sobre a espada coloca o
peito, e milhões de veias, uma desgraça,
A mão do jacaré na
despedida da tarde,
Dorme, dorme minha
menina.
E milhões de rios e de
mares tem o meu corpo, barco de olhos verdes, vestido de cânfora manhã
O café estava bom,
saboroso
A manhã nos teus olhos.
E milhões de ervas,
daninhas, escrevem no meu corpo, escrevem os teus medos e os teus, delírios
Vejam lá, os senhores.
Vejam lá.
Milhões de fotografias,
tem o meu corpo. E comem, o meu corpo.
Milhões de lábios tem o
teu mamilo, minha menina
E milhões de flores que
dormem no teu cabelo,
São tão ou mais loucas,
do que eu
Eu.
Eu que sou um milhão de
parvo, há fogo de artificio, milhões de labaredas descem sobre a cidade,
A cidade sorri, e brinca
Nos teus lábios, milhões
de promessas, de estrelas
No céu da tua tristeza.
Milhões de barcos no mar
do meu peito, sofro tanto,
Milhões de medos são a
jangada para eu atravessar a saudade, e o desejo
Milhões, minha menina,
dorme, dorme, minha menina
No sono desta canção.
Milhões, milhões de
homens, milhões de mulheres, homens, que desejam mulheres
Mulheres que desejam
homens
Que desejam homens,
Mulheres,
Mulheres que desejam
mulheres,
Milhões de beijos.
Milhões de mim
Que comem o meu corpo.
Milhões de ti, são a
Primavera.
São os olhos de uma
fogueira.
(Julho/24)
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