parte-se o espelho onde antes tinha o teu rosto, e hoje são mil pedacinhos, do teu rosto
néon sabor na boca da alvorada, mergulha
o peixe na salsa, acorda o manjerico
e o espelho quebrado na frigideira, em
pequenos loiros, na pele adocicada da tua mão
milhafre, profundamente só, sobre a
paisagem
o espelho, agora, é uma janela, uma
fresta no teu peito
de onde oiço o vento
onde escrevo as lágrimas floridas do
amanhecer
sabendo que o teu rosto nunca será o
espelho do teu rosto
sabendo que o teu rosto nunca mais o vou
ver
como o via
no espelho que está no corredor
e parte-se o espelho onde antes havia
uma lágrima, onde antes havia um sorriso e uma jangada de silêncio
e hoje
é um vazio na parede
e mais nada
(Francisco – 17/04/2024)
Sem comentários:
Enviar um comentário