quinta-feira, 18 de abril de 2024

Imagina o luar

Dá-me a tua mão, imagina o luar descendo a montanha, imagina, imagina

o cais aprisionado a meia dúzia de barcos,

todos de mão dada.

Imagina o rio correndo por entre as lajes na busca de um cansaço, imagina, imagina

o silêncio das árvores, nos teus lábios

 

Imagina o sol em passeio nos teus olhos, escondendo-se do tristonho poeta

imagina as flores nas tuas mãos, imagina o teu corpo em movimento circular uniformemente variado (se não sabes o que é, deixa lá, não interessa)

imagina as ardósias a brincarem às escondidas, umas escondem-se no teu cabelo, outras, outras encodem-se no teu peito

invisíveis à madrugada

 

Dá-me a tua mão, imagina os meus lábios poisados nos teus lábios, como as palavras do poeta poisadas sobre a sebenta. Imagina

imagina a primeira lágrima da manhã a não querer ser mais a tua última lágrima da noite

imagina o teu coração, encerrado a sete chaves, no cofre teu peio, imagina

uma gaivota sobre o mar

imagina

em papel

 

Sobre o mar imagina

imagina que pegas na minha mão e me levas a ver o mar, imagina

eu ao teu lado

a ver o mar

se eu nem sei onde fica esse tal de mar, imagina

imagina, consegues imaginar

 

Dá-me a tua mão!

 

 

(Francisco – 18/04/2024)

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