sexta-feira, 8 de março de 2024

Sorriso

 

A porta desenhada

deste quarto sem janela

porto de abrigo

teus braços inventados pelo silêncio,

 

nas pedras deste oceano

olho os barcos que o vento deseja

e quando abro a janela

oiço a tua voz dissipada no sono das amoreiras,

 

a febre silenciada pela incerteza

quando as palavras

(as ditas e as escritas)

correm para ver o rio passar…

e o tempo deste veleiro

escoa-se na sombra do mar,

 

a tarde cai

e o rio e o mar

abraçam-se ao sono,

e quando a noite poisa sobre eles…

acorda o beijo que apenas o luar consegue desenhar,

 

nos teus lábios,

o sonho

e a paixão metalizada

do outro lado da rua;

a rua fértil de um sorriso.

 

 

(orgasmo literário)

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