quarta-feira, 20 de março de 2024

Quase

São estas lâminas de fogo que trago cravadas no peito

que me preocupam.

A noite é uma lareira de tristeza que procura nas palavras as flores do canteiro junto à fonte. É quase dia, meu amor.

É quase dia-noite e esta casa só tem uma janela e uma porta,

há só um livro que me pertence, que leio e releio e releio…

Que até ao meio-dia me liberta.

 

É quase tristeza, é quase humilhação é quase vergonha,

são estas lâminas de fogo, são estes arbustos de luz, são estas lâmpadas de néon, que afugentam a simplicidade de existir.

 

É quase nada este tudo de pedras, este nada de ausências, este quase-tudo neste mar sincero e infeliz e triste…

É quase barco, rio-quase, é nada bem, é tudo ao quase-mar,

é a ponte metálica que não percebe que o céu é um pedaço de cinzento-mar,

e é quase

quase suicidar.

 

É quase-morte, meu amor!

 

 

(Francisco)

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