Quase nada a desfalecer este portão
nocturno
esta escura porta com mãos de árvore
e olhos de cansaço
este portão em rumo à púbis
que às vezes se esconde numa
algibeira
que às vezes é lágrima de sono
que muitas outras vezes
é apenas uma parede fria
com cabelo em pétala adormecida.
Quase nada espera
esta cadeira onde me sento
onde penso
e penso que é mais feliz um parafuso
roscado
sob a lápide da insónia
do que este corpo que transporto
a quem fico sempre em dívida
a cada noite que se suicida.
Feliz aquele que se suicida.
Feliz as limalhas de ferro que escondem
a minha pele ao sol
e felizes também
as pedras que trago comigo e saboreio
antes do almoço
quando o almoço parece uma tempestade de
portões
com muitos braços mecânicos
alguns componentes eléctricos
e electrónicos
e quase nada a desfalecer este portão
nocturno
que vive na unha do meu dedo.
(orgasmo
literário)
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