sábado, março 23, 2024

e sinto o meu esqueleto vaguear sobre as tuas coxas de cereja

embriagas-me os olhos em silêncios neblina

como esperanças vãs

e manhãs adormecidas

que dentro ti

voam como serpentes em desejo

no veneno tua doce mão

que dentro de ti

entre o beijo e a saudável poesia

embriagas-me

os meus olhos sintéticos pintados com acrílicas insónias

e dizes que as minhas pálpebras são os pedaços da noite

mergulhadas em mesas de café...

 

embriagas-me como paixões de areia

no coração dos barcos apaixonados

indefinidos sem saberem o sexo das marés travestidas de baloiço

onde me embriagas

e me comes

e sinto o meu esqueleto vaguear sobre as tuas coxas de cereja

como um transeunte ausentado das madrugadas em papel

branco vazio sem palavras ou... recheado de cadáveres empobrecidos...

 

 

(Francisco)

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