Era uma vez um sorriso,
um sorriso com cabelo infinito e loiro, da cor do sol, e vestido de lua,
Era um sorriso tão belo,
tão belo como as estrelas do Ujo.
Era uma vez um sorriso
que tinha um corpo, que tinha flores no peito e, marés de desejo nos seios, nos
seios habitava um rio, um rio de nome Tejo…
Era uma vez um sorriso
com janelas para o mar, era um sorriso que inspirava poetas e noites de luar, na
sombra desenhava palavras, e nas palavras a dona desse sorriso embrulhava
chocolates, que quando regressava a noite, o poeta se deliciava.
O poeta amava esse
sorriso envergonhado, que às vezes, se escondia no espelho do medo, do grito,
Esse sorriso nunca
gritará amo-te,
Mas esse sorriso dirá um
dia,
Desculpa.
Era uma vez um sorriso
que nos finais de tarde brincava junto ao rio, esse rio de nome Tejo, era um
sorriso tão belo, era um sorriso tão lindo,
Como são lindas as noites
de insónia,
Quando esse sorriso saía
do espelho e voava sobre as tulipas da minha biblioteca,
E depois,
Era uma vez um silêncio,
um silêncio que tinha um sorriso,
Que tinha uma mão, que
tinha na mão um poema,
E se o dia tinha esse
sorriso,
Porque não eu ser também
um sorriso?
Era uma vez um sorriso,
Um sorriso que tinha um
poema, que tinha dentro do poema uma mesa e quatro cadeiras, era um sorriso que
tinha sono, um sorriso que uma vez subiu a montanha e quando desceu, trouxe uma
ribeira,
E havia também uma
enxada,
E havia também uma esplanada,
Uma espada…
Que dormia no rio.
Era uma vez um sorriso,
Sorriso que não tenho,
Que nunca vou ter,
Era um sorriso,
Um sorriso em flor.
Era uma vez um sorriso; o
teu sorriso!
18/02/2024
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