quarta-feira, fevereiro 21, 2024

O jardim das sombras

 

No jardim das sombras, o cabelo fino e loiro e longo da lua, abre a cancela que dá para a eira, não quero flores no meu velório,

Os pássaros são rosas, são pedacinhos de papel que voam sobre a cidade,

Caiem as estrelas da tua mão,

Como se a tua mão, fosse uma roseira.

 

A palavra é uma flor de tantas outras flores que brincam no jardim das sombras,

Há sorrisos, há distantes olhares e caracóis,

Cerveja, vinho, noites onde habitam os monstros da madrugada, e se o rio é teu,

Porque foge ele de mim?

Nunca tive um rio.

 

No jardim das sombras, as sombras que a lua nos dá. Há agricultores com a corda ao pescoço, há banqueiros obesos, há crianças com fome, e crianças que morrem e filhos da puta que espancam a mulher.

No jardim das sombras, há árvores que escrevem poesia, há pássaros que declamam os meus poemas, e meninas solteiras,

Que lêem os meus poemas.

 

Estaria tão feliz se não fosse o jardim das sombras o local onde vou ser sepultado,

Digamos que este jardim depois da minha morte, será um jardim envenenado,

Será um jardim inanimado, e triste.

 

Porque é o jardim das sombras.

 

 

21/02/2024

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