Quando me sento na escuridão
E sobre a mesa estão quatro cadeiras desocupadas
Às vezes
Às vezes fico em lágrimas
Suspenso entre o escuro e a alegaria de
uma malga de sopa
A sopa faz bem
Chorar também
E não será certamente vergonha
Chorar
E comer uma malga de sopa
Tolo é aquele que não chora
E não come uma malga de sopa
Chorar…
Chorar não é vergonha
Quando as lágrimas são pedacinhos de
limalha
Quando o serralheiro devasta o aço
De uma placa que o homem do saco deixou
junto às alfaces
Não me entendo com esta vida
Tão pouco irei viabilizar este poema
triste
Que quase me apetecia esganar
Que quase me apetece apedrejar
E lançar contra a pobreza do vento
Uma malguinha de sopa
Não faz mal nenhum
Quanto a dez decilitros de limalha
Em lágrima
Essas sim
São perigosas para a humanidade
Maria teve um filho lindo…
Que todos amam,
Que todos adoram…
A minha mãe, também,
Também teve um filho lindo,
Que às vezes,
Chora.
26/02/2024
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