segunda-feira, fevereiro 26, 2024

Malguinha de sopa

 

Quando me sento na escuridão

E sobre a mesa estão quatro cadeiras desocupadas

Às vezes

Às vezes fico em lágrimas

Suspenso entre o escuro e a alegaria de uma malga de sopa

A sopa faz bem

Chorar também

E não será certamente vergonha

Chorar

E comer uma malga de sopa

 

Tolo é aquele que não chora

E não come uma malga de sopa

 

Chorar…

 

Chorar não é vergonha

Quando as lágrimas são pedacinhos de limalha

Quando o serralheiro devasta o aço

De uma placa que o homem do saco deixou junto às alfaces

 

Não me entendo com esta vida

Tão pouco irei viabilizar este poema triste

Que quase me apetecia esganar

Que quase me apetece apedrejar

E lançar contra a pobreza do vento

 

Uma malguinha de sopa

Não faz mal nenhum

Quanto a dez decilitros de limalha

Em lágrima

Essas sim

São perigosas para a humanidade

Maria teve um filho lindo…

Que todos amam,

Que todos adoram…

 

A minha mãe, também,

Também teve um filho lindo,

 

Que às vezes,

 

Chora.

 

 

26/02/2024

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